A população de um país costuma carregar alguns rótulos na visão das demais, onde, muitas vezes, estampamos estas classificações com orgulho e procuramos sempre seguir o que nos foi proposto sermos.
Desta forma, seguimos como o povo mais irreverente do mundo, carregando sempre um sorriso no rosto e fazendo piadas de tudo. Não é de se surpreender que procuremos, cada vez mais, desenvolver um humor “maduro”, de cunho político, como forma de protesto, diferentes das comédias pastelão americanas, regadas de tapas e tortas na cara.
Para o povo conhecido como o mais alegre do mundo, morar no Brasil torna-se até irônico. Confesso que fico muito confuso ao tentar decifrar se adoramos contar piadas sobre o cotidiano porque, no nosso país, matéria prima para isso não nos falta, ou se a nossa irreverência e o “espírito esportivo” com nossos frequentes escândalos políticos, desastres naturais e problemas sociais, apenas ajudam a dar continuidade ou a nos conformar com a situação.
Não é difícil ver quem diga que “Estamos no país da corrupção” e que seus ouvintes concordem sorrindo. Mais um escândalo surge no nosso governo que já começamos a pensar “Aquele programa deve fazer um quadro sobre isso”. A situação torna-se muito viável para a corrupção, não? “Se descobrirem que roubei, serei vítima de alguns programas humorísticos, meu caso será levado à Justiça e, em seguida, será fechado ou arquivado, o que chamará, mais uma vez, a atenção dos comediantes das massas, e, em pouco tempo, haverá outro escândalo para se preocuparem.”
A nossa necessidade de rir torna-se tão grande, que além de nos conformar ao invés de nos indignar, faz com que procuremos graça onde não tem.
A disputa pelo governo da nossa Capital na última eleição foi um insulto à inteligência da população, mas o que vemos na verdade é um prato cheio para as nossas pérolas das eleições. No fim desta eleição, vimos uma jovem, em uma tentativa frustrada, e preconceituosa, de ser engraçada, em atribuir a vitória da nossa atual Presidenta à população nordestina.
Tentamos superar a dor até de outros países, como as diversas piadas criadas em torno do tsunami no Japão.
"Lá você pode atirar nas pessoas, explodir coisas e eles dizem 'obrigado! E aqui está um macaco para você levar para casa'. Não poderíamos ter feito o que fizemos (em outro lugar). Explodimos muita terra. Parecia assim: 'todo mundo traz o cachorro quente. Vamos fazer um churrasco. Vamos explodir essa cidade". Sylvester Stallone disse alguma mentira? Ou ele não pode dizer isso porque não é brasileiro?
É isso... até mais.
Música para ouvir: 1983 ... (A Mermaid I Should Turn To Be) - The Jimi Hendrix Experience*
*Não tem nada a ver com o post, mas é uma bela música xD
