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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Contos do velho Munny - A História de Eleazar

As lendas, certamente, já listaram diversas maneiras de se matar um vampiro. Mas este conto é sobre o assassinato de um vampiro que não se deu a partir de crucifixos, alho, estacas encravadas no coração, luz do sol nem nada que Bram Stoker possa ter imaginado. Talvez nem mesmo possa ser considerado um assassinato, mas a morte do vampiro se deu em função do encontro dele com a sua última vítima, uma jovem, pouco atraente e exausta camponesa.

Eleazar Vladvostok era membro de uma longa, tradicional e orgulhosa linhagem de vampiros que habitam o Norte da Rússia. Dizem que sua família está lá há 9 gerações após um obscuro tratado de paz com a Igreja Católica, onde atos vampirescos seriam completamente aceitos e escondidos pela Igreja em troca de auxílios financeiros. O quê não era problema uma vez que os Vladvostoks fazem parte da classe mais alta da nobreza de toda a Rússia.

O membro mais velho da família, Edgar Von Vladvostok, tem a aparência de um homem com seus 55 anos, embora esteja com 481, é um vampiro extremamente orgulhoso e esnobe, e o jovem Eleazar, com seus 79 anos e aparência de 20, tinha um temperamento muito semelhante ao do seu parente, além de sentir um enorme desprezo para com os seres humanos. Eleazar, apesar de toda a sua classe e estilo, era conhecido como um cachorro louco na sua família e sempre recebia reclamações. A Igreja se queixava em ser muito complicado esconder os ataques de Eleazar, pois ele não tinha escrúpulos com as suas vítimas, desde crianças de colo até idosos, e sempre com muita carnificina e provocações à Igreja, como cruzes de cabeça para baixo pintadas com sangue e empalamentos em praças públicas. A Igreja precisava ser muito rápida para limpar o local ou criativa para acusar de bruxaria alguma infeliz moradora do vilarejo.

Por ironia do destino, a morte (ou assassinato, como alega a família) de Eleazar teve como agente direto uma infeliz moradora do vilarejo, Abigail Ivanov. Era a primeira de 4 irmãs de uma família de camponeses. Abigail tinha 16 anos e além de mais trabalhadora, era a mais feia das irmãs e já estava se conformando em não conseguir se casar e viver trabalhando no campo até morrer.

Certa noite, após uma árdua jornada de trabalho arando a terra, Abigail precisou ir até a casa do padeiro, pois a família precisava de pão para acompanhar a sopa no jantar. Faminta e exausta, Abigail caminhava penosamente rumo ao seu, ainda desconhecido, trágico destino e, ao dobrar a rua, se depara com Eleazar, que estava caminhando para esfriar a cabeça após o grande sermão que recebeu por arrancar a cabeça de duas cabras e colocá-las no lugar da cabeça do dono, custou uma pequena fortuna para a Igreja calar as bocas de umas poucas testemunhas e muitos membros gananciosos do clero.

Ao avistar Abigail, Eleazar quase explodiu de ódio “É tudo culpa de vermes como você, maldita infeliz!”. Abigail não entendeu muito bem, mas continuou parada, estava muito cansada e não sabia nem se estava acordada ou sonhando, e isso deixou Eleazar mais furioso ainda. “Quanta insolência manter essa cara desprezível na minha frente.” Rapidamente, Eleazar moveu-se para trás de Abigail e cravou as presas no pescoço da vítima. Abigail estava tão cansada que nem sentiu a dor, mas a perda de sangue a enfraqueceu ainda mais.

Foi então que Abigail deixou escapar o instrumento que causou o início do fim da vida de Eleazar. Ele adorava ver as vítimas chorando ou gritando, com o pavor estampado em seus rostos, mas a ação de Abigail o abalou completamente. Enquanto sugava o sangue e esperava os gritos, Eleazar viu a sua vítima bocejar. O bocejo de Abigail foi um tiro certeiro no ego do vampiro, que se sentiu totalmente desprezado e ignorado. Eleazar deixou sua vítima cair no chão enlameado e correu de volta para o castelo, infelizmente para Abigail, era tarde demais e ela morreu poucos minutos depois.

Chegando ao castelo, Eleazar correu para o seu quarto e se trancou lá até o fim da sua vida. Membros da sua família tentaram tirá-lo de lá, mas ele sempre gritava coisas como “Eles vão rir de mim” e “Eu não consigo”, ele nem bebia mais o sangue que lhe traziam e grandes cálices de ouro. Até que, três meses depois, Eleazar morreu de fome.

A Igreja descobriu quem foi a última vítima de Eleazar e, após receber um generoso pagamento, contou à família Vladvostok, e esta, mesmo sem saber o quê Abigail tinha feito à Eleazar, matou todos os membros da família Ivanov. E nunca se soube que o bocejo, além de contagioso, é capaz de matar vampiros.


É isso, pessoal, espero que tenham gostado xD

Música para ouvir: Havana Moon - Chuck Berry

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A história do velho Munny

Não se sabe do seu verdadeiro nome, nem idade, nem nada. É até errado falar que é a história dele, convertamos este título para “Algo sobre o Velho Munny”.

Uma das primeiras coisas que se comenta sobre ele é de onde ele veio, o Oeste. Não é uma boa especificação, mas já é um começo. Na verdade, devem afirmar isso apenas porque ele transpira filmes de faroeste. Fã confesso de westerns, aí começa o misticismo de suas histórias, onde todos os segredos tornam-se banalidades compreensíveis e muitas vezes cômicas.

Auto-proclamado “O melhor contador de histórias nessas malditas bandas... Dane-se, traga-me Whisky!”, o velho Munny tem uma verdadeira seleção de contos capazes de fazer você querer contar a outra pessoa só para vê-la esperando para saber o quê irá acontecer. Pergunte-lhe sobre a veracidade de alguma história: “Hahahahahaha!!! E, em quê, isso faria diferença?”.

Voltando aos seus gostos, embora ele seja fã de westerns, ele irá rir com você quando revelar que a sua banda favorita é The Cranberries. “Dolores tem o gingado.”

Embora trate seu gosto musical com irreverência, prefere manter para si seu gosto por escrever poesias. E é com uma de suas poesias, encontrada com muito esforço, que terminamos este post.

No olho da serpente

A verdade foi encontrada.

E os céus reverenciaram, vacilantes,

O triunfo do Homem.

Que o chão fervente alicerça a minha história

E a Lua gélida semeie a minha lei,

Enquanto a tempestade surre o meu peito

E o tempo açoite a minha face.

Para, no fim, perceber que nada valeu

Pois, pior que morrer

É ser menos que dois.


Música para ouvir: Desperate Andy - The Cranberries

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A epopeia: Andar de ônibus.

Andar de ônibus, um dos “Doze Trabalhos de Hércules” do homem moderno.

Nada como meia hora esperando o ônibus, e mais uma hora dentro dele para ficarmos prontos para mais um dia na vida...

Comecemos pelo começo! Quando estamos na parada, não temos que prestar atenção apenas no nosso ônibus, mas em todos que passarem desde que chegamos lá, pois sempre haverá quem nos pergunte que ônibus acabou de passar. E não é só isso, temos de saber quais são as linhas que passam nessa parada, e em que parada passa certa linha, porque as pessoas acham que nós temos algum parente cobrador ou coisa assim...

Enfim, não é mais necessário prestar atenção na conversa alheia para passar o tempo, pois o nosso ônibus está a caminho. E olhe só que alegria, mal dá pra ver o motorista. Devo dizer que acho realmente impressionante como, em um ônibus, sempre cabe mais um, ou mais sete. Entrar em um ônibus lotado, uma verdadeira batalha do homem contra a física, um exemplo de solidariedade para com o seu semelhante.

Após entrar no ônibus, pensamos que finalmente está tudo acabado, a pior parte já passou... Hahaha, a tortura começa agora!!!

Nada como uma viagem de ônibus para ampliarmos, mesmo que contra a nossa vontade, os nossos horizontes culturais. Obrigado pelos avanços tecnológicos na área das telecomunicações, século 21!!! Basta entrarmos no ônibus para descobrirmos quais são os novos sucessos na Bahia, ou no Rio de Janeiro, ou coisa que o valha. Forró, Axé, Funk, Rap... Pelo amor de Deus, há quem ouça Restart no ônibus... O engraçado é que as pessoas chegam a competir quem tem a melhor seleção de músicas no celular. O cara começa a passar as músicas do celular, ouve sete segundos de uma música e passa para a próxima. Queria saber no que esse ser está pensando quando faz uma coisa dessas... “Aí pessoal do ônibus, saca só essas músicas que eu tenho no meu celute, só o ouro, né não? Aaah muléque!!”

Mas espere, algo de bom tinha de acontecer. A pessoa que você está em pé na frente dela vai descer! Finalmente, agora podemos ao menos descansar o corpo enquanto temos a nossa mente friamente massacrada com a morte em forma de decibéis saindo daquele maldito celular que você adoraria jogar pela janela. Ei, tem uma velhinha a caminho, a pessoa ao seu lado já começou a fingir que está dormindo, e agora? Ela parou do seu lado, começou a trocar as sacolas de mão, ela está deixando a bolsa escorregar do ombro, as outras pessoas em pé a sua volta começaram a mandar indiretas. Não tem jeito, foi bom enquanto durou... Lá vamos nós nos levantarmos e cedermos o lugar para a velhinha que nem mesmo agradece...

Mas não é hora para ficar tão triste, a nossa parada já está chegando, rápido, puxe a cordinha, pegue seu cajado e peça a Deus para que abra caminho até a porta assim como abriu o Mar Vermelho. Chegamos à porta, finalmente estaremos livres, foi uma longa viagem, mas agora acabou... Epa... o que são essas gotas na janela? O ônibus vai parando, a sua ficha vai caindo. Nem percebeu durante a viagem, hein? A porta abre e você vê o céu caindo do lado de fora do ônibus... Que delícia, não?

Música para ouvir: Highway to Hell – AC/DC

Isso é tudo pessoal, até a próxima!! xD